Sobre o episódio da entrevista com o falso Felipão, vejo que muitos jornalisas se comprazem em estraçalhar publicamente um colega, porque cometeu um erro. Agora eu pergunto: quem de nós -- digo, dos que estão metidos no fogo cruzado das redações, e não encastelados em cátedras ou coisas semelhantes -- nunca errou?
Aponte-me um jornalista que não erra, e eu lhe mostrarei um grande mentiroso. No mínimo, ele acoberta seus erros. Ou nunca atuou na área.
Digo sempre que o bom jornalista não é aquele que não comete erros, mas sim aquele que sabe reconhecê-los com humildade e corrigi-los, com a máxima transparência. E foi isso o que o colunista em questão fez. O que mais querem que ele faça: que cometa suicídio ou vá embora do País?
A forma como está sendo criticado por pessoas que também erram me fez lembrar um trecho do romance Um estranho no ninho, de Ken Kesey, em que Randall Patrick McMurphy, o valentão que se faz passar por louco para não ir para a cadeia e acaba num hospício, diz aos colegas de terapia que eles parecem galinhas numa festa de bicadas.
Alguém pergunta o que vem a ser isso, e ele explica:
"(...) O bando avista uma mancha de sangue numa galinha qualquer e todos eles começam a bicá-la, sabe, até que estraçalham a galinha em pedaços, sangue e ossos e penas. Mas normalmente um par das aves do bando ganha também sua ferida na confusão, então é a vez delas. E mais algumas ficam machucadas e são bicadas até a morte, e mais outras e outras. Ah, uma festa de bicadas pode acabar com o bando inteiro em uma questão de horas, companheiro, eu já vi.(...)"
Então, colegas, boa festa de bicadas pra vocês. E preparem o traseiro, porque, da próxima vez que vocês errarem, já sabem o que vai acontecer.