Por José Carlos Fineis
Somente com honestidade e coragem um órgão de imprensa é capaz de contribuir com a democracia. Honestidade, porque ser equânime é algo bem mais complexo do que apenas dividir o espaço em partes iguais para que os candidatos exponham suas plataformas. É aplicar as mesmas diretrizes, os mesmos princípios na identificação do fato jornalístico, seja ele referente a A, B ou C, e estabelecer a importância da notícia de acordo com a única referência possível, que é o interesse público, o direito do cidadão a receber informações que lhe permitam escolher corretamente.
É aí que entra a coragem, pois informar, muitas vezes, significa contrariar interesses. É normal, em campanhas eleitorais, candidatos se afirmarem perseguidos por determinado órgão de imprensa, que nada mais fez do que tornar pública uma informação relevante. Quando os princípios são honestos e transparentes, as queixas se esvaziam por si mesmas. O veículo de comunicação que se permite manipular por pressões partidárias comete o pior dos erros, que consiste em desonrar o mandato social recebido, em forma de confiança e preferência, de seus leitores, ouvintes e telespectadores.
(Trecho do editorial "O Cruzeiro e a democracia", publicado pelo jornal Cruzeiro do Sul de 22/7/2012. Acredito fortemente nisso, e mais um pouco: o jornalista que não acredita no poder transformador do jornalismo; o juiz ou promotor que perdem a confiança na Justiça; o policial que não vê mais diferença entre bandidos e mocinhos; o professor que acha que tanto faz dar aula como não dar - deveriam todos pedir o chapéu e ir para casa, buscar alguma coisa mais estimulante para fazer, deixando seus postos e salários aos que ainda tenham fé em si mesmos e tesão pela profissão.)
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